domingo, 21 de abril de 2013

(27/03/2013)


O trabalho foi um instrumento para subjugar animais e forçar os escravos a trabalharem para aumentar a produção. Por volta do século XII essa palavra entrou no latim, e tinha o significado de tormento, agonia, sofrimento.
O homem, como ser social, vê no trabalho dignidade, meio de vida, realização profissional, respeito, tudo que realiza na vida, crescimento como ser humano e vê uma maneira de lucrar com sua força de trabalho seu salário.
A Constituição Brasileira trata a saúde como medida política do Estado, competindo ao SUS executar as ações de saúde do trabalhador, através da Lei 8080/90 Artigo 6º.
Existem algumas políticas setoriais que enfocam a produção e distribuição de bens (oriundos da transformação da natureza) , e prestação de serviços, como agricultura e movimento agrário, comércio e indústria , desenvolvimento, ciência e tecnologia, relações de trabalho e também atendem aos agravos gerados à saúde do trabalhador. São estes: Saúde, Previdência Social, Meio ambiente e Justiça.
         A história do trabalho é tão antiga quanto à do homem, em muitos momentos elas e confundem, mas por incrível que pareça nem sempre trabalho foi sinônimo de tortura como a etimologia da palavra demonstra. Segundo o dicionário Hoauiss, o termo deriva do latim, tripalium, instrumento de tortura, derivando do adjetivo tripális, que significa sustentado por três estacas. O termo tripaliare, influenciou vários idiomas, entre eles o português trabalhar, o francês travailler, o espanhol trabajar e o italiano traballare. Mas quando exatamente o trabalho deixou de ser algo simples e encantador para se tornar sinônimo de sacrifício? E para onde está indo essa atividade que ocupa mais de um terço de nossas vidas? Para entender um pouco o começo dessa história citamos um prestigiado consultor de empresas, o Professor Ricardo Mallet que em seu artigo Realize-se e Realize Mais demonstra: É mesmo difícil de imaginar, mas já houve um tempo em que não precisávamos trabalhar para viver. Naquela época, nossa comida era banana e nossa casa um galho. E vivíamos felizes! Tudo o que necessitávamos estava ali, ao alcance das nossas mãos. Vida simples, pouco stress. Passávamos o tempo comendo, brincando, namorando e descansando. Um verdadeiro paraíso.
Daí a Mãe Natureza nos "deu um gelo" e tivemos que abandonar o nosso jardim do Éden à procura de alimento e abrigo. Jogados ao mundo, inexperientes e indefesos, enfrentamos não apenas a fome, mas também alguns predadores famintos. A situação apertou muito para o nosso lado até percebermos que tínhamos um diferencial competitivo: mãos! Graças a elas, conseguimos criar alguns artifícios capazes de garantir a nossa sobrevivência. Foi o início da Era "gente que faz", pois para ter alimento e proteção, precisávamos fazer alguma coisa. A fórmula era, simplesmente, fazer = ter. E nós realmente fizemos. Plantamos, industrializamos, informatizamos e globalizamos. De uma espécie em risco de extinção com menos de dois milhões de seres, crescemos para mais de seis bilhões sobre a face da Terra.
É mesmo difícil de imaginar, mas já houve um tempo em que não precisávamos trabalhar para viver. Naquela época, nossa comida era banana e nossa casa um galho. E vivíamos felizes! Tudo o que necessitávamos estava ali, ao alcance das nossas mãos. Vida simples, pouco stress. Passávamos o tempo comendo, brincando, namorando e descansando. Um verdadeiro paraíso.
Daí a Mãe Natureza nos "deu um gelo”, que foi a era glacial há cerca de 150 mil anos e que secou nosso habitat natural, que eram a árvores, caímos num mundo novo e totalmente desconhecido, o chão. Nas árvores sabíamos nos virar e sobreviver, na terra não conseguíamos ser mais velozes que um rato ou uma galinha, não tínhamos olfato apurado e nem uma boa visão noturna para fugir dos predadores. O trabalho desse período era manter-se vivo. Preservar a espécie era o melhor que poderíamos fazer, o homem trabalhava apenas para ele mesmo. Precisamos de alguns milhares de anos de alimentação de insetos para nos darmos conta de que com as mãos, poderíamos agarrar um pedaço de pau e caçar bichos maiores e mais saborosos. Nesse momento o homem deixa de lado a coleta para passar à caça. Caçar exige muito mais esforço, planejamento e dedicação. O homem caçador tornou-se, desde aquela época, escravo de seu trabalho. Somente quando trabalhava bem conseguia alimentar-se e dar de comer à sua prole. O trabalho passou a ser uma obrigação que deveria ser feita todos os dias, afinal não sabíamos se a caça daria certo naquele dia ou não. Ao contrário dessa era, no tempo em que vivíamos nas árvores o labor era algo que se fazia apenas quando necessário.
Há mais de 12 mil anos, surgiu a agricultura, baseada em duas observações:
1. Nota-se que ao colocar alguns grãos na terra, esses seriam semeados, cresceriam e dariam origem a muitos outros na planta que nascia. Isso permitiu que nossa maior riqueza na época, o alimento, se multiplicasse.
2. Constata-se que em alguns períodos era mais difícil caçar. Concluímos por tanto, que se colhêssemos sementes conseguiríamos armazenar o alimento por muito mais tempo o que nos manteria vivos em épocas de “vacas magras”.
A agricultura possibilitou ao homem se estabelecer em uma região, não precisando mais correr atrás da presa e se deslocar por territórios desabitados. Com mais tempo de permanência em um mesmo lugar, o homem conseguiu gerar mais riquezas e melhorou consequentemente seu padrão de vida. No entanto, acabaram por desnaturalizar o ambiente, desmataram a vegetação nativa para implantar a monocultura de poucas plantas. Sempre em busca de maior quantidade com menor variedade. Posteriormente, para garantir qualidade, iniciaram a utilização de pesticidas e outros elementos químicos, causando um grande impacto no solo, na água, na fauna e na flora das regiões exploradas.


Até esse momento da história o trabalho tinha um único propósito: sobrevivência.  Caso ele nos proporcionasse subsistência estava cumprido seu papel. Surge timidamente o comércio que se inicia pelo processo de troca direta. Na verdade o ser humano sempre usou o câmbio de produtos quando tinha uma necessidade imediata. Com o passar do tempo, o comércio se organizou e se consolidou. Concentrava-se principalmente em cidades que eram pontos de passagem de peregrinações religiosas. Ele foi a primeira manifestação institucionalizada de vontades mais elaboradas. Há cerca de 3000 anos, o homem começou a não se contentar apenas em alimentar-se ele desejava sabores diferentes e sensações inéditas. Surgem nessa época os artesões que inseriram na sociedade a troca do trabalho pela autoestima ou pela utilidade de seus produtos. Os seus afazeres eram realizados em oficinas construídas nas casas dos próprios artesãos, utilizando poucas ferramentas, energia humana, animal e hidráulica, para criar um produto único e não padronizado. Um artesão conseguia realizar todo o trabalho sozinho, às vezes se aliava a um grupo para dividir as etapas do processo da produção. Esse processo se chamava manufatura, pois não havia o uso de máquinas. Com cada vez mais produção, as trocas começaram a ficar mais elaboradas, gerando a necessidade de criar uma moeda. Esse é outro momento muito marcante na história do labor. Até então, nenhum trabalho tinha um valor determinado, era algo subjetivo, todas as realizações valiam o preço da subsistência ou da necessidade de outros. A partir da moeda, o trabalho começou a ter diferentes valores. Iniciou-se também a especialização, por mais rude que ainda pudesse ser.

A industrialização começou a aparecer no chamado ¨século das luzes”, o XVIII, e essa revolução surge de uma mistura de cientificismo, racionalismo, ironia e auto-ironia. Vivíamos um momento de progressos em quase todos os campos científicos - na física, na filosofia, na biologia - e nas artes principalmente na música, período em que estiveram vivos ao mesmo tempo Mozart, Beethoven, Haydn e Bach acabara de falecer. O desejo de todos era ganhar mais autonomia através do trabalho que gerasse riquezas. Podemos afirmar que essa Era, que se inicia timidamente na segunda metade do século XVIII, chega ao ápice por volta de 1850 e começa a desaparecer um século depois (1950), pode realmente ser chamada de um período revolucionário. Segundo o Professor Domenico De Masi, estudioso do trabalho, o que define a mudança de um paradigma histórico é a junção de três inovações diferentes. São elas:
1. Novas fontes de energia - Em 1880, Thomas Edison descobre a luz elétrica. A locomotiva foi inventada um pouco antes em 1804, potencializando a distribuição de tudo o que era produzido.
2. Novas divisões de trabalho - A produção foi toda estudada e deliberada para que houvesse otimização de resultados. Trabalhos diferentes surgiram e os antigos foram remodelados em sua maioria.
3. Novas divisões de poder - O setor produtivo, isto é os burgueses, ganharam espaço por todo o mundo, gerando cada vez mais riqueza para não perder seus postos.
A Era Industrial atinge seu cume por volta de 1850, época em que a Inglaterra começa a produzir e exportar em grande quantidade diversos tipos de tecidos. Somente nessa década é que as pessoas começaram a se dar conta que toda a sociedade havia mudado, não existiam apenas indústrias nascia a Era Industrial. Para melhorar a fabricação utilizou-se o cientificismo, que se consolidava em contra posição a força da Igreja que imperava absoluta até aquele período.
 Os cientistas pretendiam, na época, explicar todos os fenômenos da natureza. Aplicavam-se à produção esses conhecimentos através de máquinas a vapor, engenharia e pessoas controlando o trabalho de outras. O principal expoente desse movimento de modernização da produção foi o americano Frederick W. Taylor (1856-1915), considerado o pai da "Administração Científica". O que ele desejava era reduzir ao máximo o desperdício, ampliando os lucros e possibilitando à empresa com mais resultados o pagamento de maiores salários. Taylor foi muito mal interpretado pelos seus contemporâneos, seu intuito não era que as pessoas ficassem muitas horas dentro das fábricas como a história sempre quis demonstrar, mas fazer com que o aumento da eficácia reduzisse o tempo de trabalho. Isto possibilitaria às pessoas ter mais tempo para o ócio. Ele planejou todos os processos da produção para maximizá-la, o que foi chamado posteriormente de taylorismo
Apesar da boa vontade deste cientista, o que acabou acontecendo foi o que descreveu Villarmé em 1840, em seu tratado sobre o estado físico e psíquico dos operários das fábricas de algodão. Segundo o autor, naqueles tempos os escravos das Antilhas trabalhavam 9 horas por dia, os condenados ao trabalho forçado nas instituições penais, 10, e os operários de algumas indústrias de manufaturas trabalhavam 16 horas por dia. Operários daquela mesma França que com sua Revolução tinham proclamado os direitos do homem. Outra figura importante e precursora no movimento de industrialização foi o empresário europeu Thonet que assim foi descrito por Domenico De Masi em seu livro O ócio criativo  “estamos na metade do século XIX e o industrial descobre que na capital austríaca, além do príncipe encontra-se um imenso mercado em potencial. Trata-se de gente que ainda não tem dinheiro em demasia, que não possui ainda uma cultura própria, e por isso imita os aristocratas. Ele cria um estilo sob medida para a burguesia emergente. São móveis, pouco caros, práticos, facilmente montáveis e vendáveis a partir de um catálogo. Thonet, em síntese, inventa um marketing e um modo de produção em série. Ele tinha uma relação com mais de 14 mil móveis para serem escolhidos pela clientela”`.

A sociedade industrial é exatamente isto. Um processo de enriquecimento que surge a partir da premissa, que ainda é atual, e que reza: “Há quantos posso servir?”.
Próximo momento dentro dessa Era que foi muito marcante é o que os estudiosos chamam de fordismo. Idealizado pelo empresário estadunidense Henry Ford (1863-1947), fundador da Ford Motor Company, o fordismo se caracteriza por ser um método de produção em série, um aperfeiçoamento do taylorismo. Baseado na premissa da riqueza este visionário fez com que, através da sua famosa linha de montagem criada em 1920, o carro que era um artigo de luxo para poucos se tornasse acessível a muitos. Ele produziu só na década de 20 mais de 2 milhões de veículos o que possibilitou a redução dos custos dos mesmos. O modelo de Ford chegou ao ápice nas décadas de 50 e 60, os chamados anos dourados do capitalismo. Sua decadência mostra o declínio de todo o movimento da Era Industrial.
A passagem de uma Era importante para outra não acontece do dia para a noite. A transição se dá a partir da sucessão de uma série de fatos que vão modificando a sociedade. Para mostrar essa mudança vamos analisar o crescimento e a queda dos operários, a classe trabalhista que mais caracterizou a Era Industrial. Entender esse processo de ascensão e queda dos operários é compreender a transição dessas duas eras, a Industrial para a da Informação. A história nos mostrou que as verdadeiras e perenes transformações não acontecem a partir de imposições violentas e repentinas. Hitler, Stalin e Mao, três gênios do mal deixaram isso muito claro. Mataram milhões de pessoas e nada criaram, só destruíram com suas tentativas de revolução.
Foi a mudança do trabalho ao longo desses últimos anos que produziu as maiores modificações na nossa sociedade. Voltemos um pouco no tempo para entender o movimento social mais transformador do século XX. Antes da I Guerra mundial os agricultores eram o maior grupo isolado em todos os países, seguidos pelos empregados de serviços domésticos. Só para se ter uma idéia da quantidade do segundo colocado, nos sensos praticados no ocidente no início do século XX, uma pessoa que tivesse apenas três desses serviçais em casa era classificada como classe média baixa. Como esses dois grupos não possuíam capacidade de se organizar, eles fizeram pouco alarde histórico e passaram quase despercebidos ao longo dos anos. Os agricultores dessa época organizaram apenas duas revoltas realmente expressivas, a rebelião de Taiping em meados do século XIX e a Guerra dos Boxers, no seu final e as duas aconteceram na China. No resto do mundo pouco se fez. Já os empregados domésticos nunca apareceram em uma passeata pública de sua classe. Por esse motivo esses dois grupos foram desprezados por Karl Marx em seu estudo O Capital. Contrariando o que este autor previu décadas antes, em 1900, eles não haviam se tornado maioria. Portanto, não conseguiriam subjugar os capitalistas somente pelo número. A força desse grupo cresceu na medida em que aumentava a sua organização. Eles foram a primeira classe na história que podia se organizar, e mais importante que isso, permanecer unida por bastante tempo.
Os operários de 1913 não possuíam quase nenhum benefício, e 50 anos depois eram o maior grupo isolado de todos os países desenvolvidos com vantagens trabalhistas, que iam desde a segurança no emprego até assistência de saúde e educação. Os seus sindicatos se tornaram forças políticas no mundo todo. Esse crescimento ocorreu a partir da migração dos camponeses e funcionários domésticos para a indústria. De forma alguma isso foi imposto. Eles viam na dedicação à essa nova ocupação mais vantagens do que em seus antigos ofícios. O que comprova isso é que a mortalidade infantil caiu drasticamente com o êxodo rural e com a consequente preocupação em manter as pestes longe das cidades. Outro ponto que favoreceu o crescimento dos operários foi o fato de que realmente eles viviam na miséria e eram explorados, mas viviam melhor do que nas fazendas e casas de famílias onde eram ainda mais mal tratados.
Os proletários também tinham um tempo definitivo para trabalhar e o que restava era seu para fazer o que bem entendesse. Isso não acontecia com os que trabalhavam no campo ou em casas familiares, em que a toda hora poderiam ser solicitados. Para os agricultores e empregados domésticos o trabalho na indústria era uma oportunidade - de fato a primeira que lhes havia dado - para melhorar de vida sem precisar emigrar. Cada geração via a anterior um pouco melhor. E isso estimulava ainda mais essa migração. Durante o século XIX a produtividade dessa classe aumentou cerca de 4% ao ano, o que gerou praticamente todos os ganhos dessa época. Boa parte desse resultado ficou nas mãos dos próprios trabalhadores, que multiplicaram seu salário cerca de vinte e cinco vezes e reduziram quase que pela metade as suas horas de trabalho. Portanto, havia razões de sobra para que a ascensão do trabalhador industrial fosse pacífica e não violenta como previra Marx.

A queda dessa expressiva classe vem acontecendo rapidamente desde o final da II Guerra mundial. O trabalhador industrial tradicional tem sido substituído por um tipo de trabalhador. Este funcionário é uma pessoa que alia o trabalho manual com o teórico. São exemplos dessa classe: técnicos de raios-X, fisioterapeutas, anestesistas, técnicos de computador, etc. Esse é o grupo de trabalho que mais rapidamente cresce no mundo. No presente momento 75% da riqueza mundial é gerada por trabalhadores dessa natureza e em 1975 eles geravam apenas 25%.
Peter Drucker, renomado consultor de empresas e autor de dezenas de livros sobre o assunto, foi a primeira pessoa a chamar o momento que estamos vivendo de Era da Informação. Este livro demonstra que podemos determinar o início da Era da informação a partir da atitude dos soldados americanos que, após voltar da II Guerra Mundial , tinham como uma das principais exigências a suas colocações imediatas em alguma universidade. Hoje isso pode parecer óbvio, mas na época foi muito marcante visto que aqueles que voltaram da I Guerra aspiravam apenas por um emprego seguro. Neste momento, por volta de 1946, o conhecimento já estava sendo mais valorizado do que o trabalho simplesmente operacional.

O sociólogo Daniel Bell determina que a Era da Informação tem seu marco primordial uma década depois, em 1956, quando o número de “colarinhos brancos” ultrapassou o de operários no seu país. Ao perceber isso ele advertiu: “Que poder operário que nada! A sociedade caminha em direção à predominância do setor de serviços”. Ou seja, o poder se direcionava àqueles que possuíam algum tipo de conhecimento que interessava a outros. Estamos em um momento de muitas transformações, não há como negar que estamos em outra Era. O trabalho atual se parece muito pouco com a forma mecânica adotada na Era Industrial.

Vivemos em um mundo extremamente dinâmico onde cada vez mais o conhecimento será valorizado. Podemos prever que o acúmulo de informação, muito em breve, terá o mesmo valor que tinha o acúmulo de patrimônio há pouco tempo atrás. 

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