Fizemos,
através da História, uma breve volta ao passado para compreender o presente.
Imaginamos uma mãe cuidando do seu bebê enfermo e realizando vários cuidados
para socorrê-lo, ele ali indefeso. Com essa cena podemos imaginar que a nossa
mãe foi a primeira enfermeira da humanidade. Os cuidados maternais tem uma
relação próxima com a enfermagem, pode-se dizer que é uma ciência ligada com a
arte do cuidar. Segundo a enfermeira francesa Françoise Colliere os cuidados
existiram desde que surgiu a vida, uma vez que os seres humanos deles
necessitam para sua sobrevivência (OGUISSO,2007). As primeiras
civilizações surgem no Oriente Próximo (Mesopotâmia e Egito), e em seguida nas
regiões da Ásia Oriental (Índia e China).
EGITO
Os egípcios acreditavam
na vida após a morte e na imortalidade da alma, e por motivos religiosos e
culturais tornaram-se especialistas em mumificação. Com os cuidados da
mumificação eles tinham a finalidade de prender a alma ao corpo, pois
acreditavam em vida eterna. Eles também tinham habilidade de embalsamar e fazer
ataduras, graças a eles podemos entender o processo de bandagem com ataduras
que é utilizado até hoje. Os egípcios conheciam e praticavam o
hipnotismo e o controle da mente, estudavam a imaginação e interpretavam os
sonhos. Acreditavam que o coração era o centro de tudo. Reconheciam o ato
respiratório como o mais importante (DONAHUE, 1993; DOCK, STEWART, 1938). Não
havia nenhuma menção da existência de hospitais, nem de enfermeiros. Haviam
sacerdote-mago(sacerdotes) e sacerdote-médico(médicos) e profissionais que
cuidavam dos doentes. Eles tinham conhecimento sobre preparação de drogas e
suas terapêuticas, realizavam infusões, soluções para injeções, comprimidos,
loções, pomadas, emplastros e outras formas de medicamentos usados até hoje em
dia. Sabiam tanto sobre as drogas que podemos dizer que iniciaram os
fundamentos da química.
Corpo mumificado de origem egípcia
PALESTINA
Na
Palestina a doença era considerada um castigo pelos pecados. Existiam citações
da época que as amas de leite eram também as cuidadoras dos enfermos, as
parteiras judias já orientavam os cuidados de higiene das mães e dos bebês e já
estimulavam o parto de cócoras. Débora é a primeira enfermeira citada na
história, aparecendo na Bíblia no livro de Gêneses capítulo 24, ela surge
na história de Rebeca como cuidadora de seus filhos, e quando era chamada
prestava cuidados aos enfermos de sua família. Os hebreus não deixaram
nenhum tratamento médico, mas na Bíblia podemos encontrar muitas normas de
higiene. "Quem se assentar na cadeira onde esteve um homem atacado de
gonorreia lavará suas vestes, banhar-se-á em água, e ficará impuro até
tarde" (Levítico, 15:6, Bíblia Sagrada, 1982).
São ensinados o exame
do doente, o diagnóstico, o isolamento, o afastamento dos objetos contaminados
para lugares inacessível, o expurgo, a desinfecção. Existiam algumas
proibições em relação a dieta, proibiam a ingestão de sangue, nem se podiam
comer animais mortos de causa naturais e nem mortos acidentalmente. Eram
permitidos se alimentar com pássaros, peixes de escamas e
barbatanas. Acreditavam que todos independente da posição social, deveriam
receber cuidados médicos iguais
ASSÍRIA
E BABILÔNIA
A
medicina era baseada na magia. Acreditavam que as doenças eram causadas pela
ira dos deuses e por espíritos malignos. Para agradar os espíritos bons,
realizavam cerimônias em que utilizavam encantamentos e o fogo, praticando
várias formas de magias ocultas, entre elas a quiromancia, a
comunicação com os mortos e as bolas de cristais (DONAHUE, 1993, MOLINA, 1973).
A dieta também era muito importante, eles também usavam massagens, tinham
colírios adstringentes para conjuntivites, realizavam tamponamento das fossas
nasais em epistaxes rebeldes (DONAHUE, 1993).
PÉRSIA
Não
há relatos da existência de enfermeiras apenas de procedimentos médicos.
Absorveram conhecimentos dos povos conquistados,como os princípios da medicina
e da cirurgia. A confiança era tanta que o imperador Dário construiu o que
podemos acreditar ter sido a primeira escola médica, dando origens a três
tipos de médicos: os que curavam com plantas, os que curavam com encantos e os
que praticavam o exorcismo.(DONAHUE,1993).
ÍNDIA
O
tratamento geral para as doenças consistia de dieta, banhos, clisteres,
inalações e sangrias. Utilizavam plantas medicinais como antídoto para alguns
venenos. A Índia aperfeiçoou técnicas e procedimentos cirúrgicos,
realizando desde amputações, retiradas de tumores, cataratas, hérnias e
cálculos de vesícula, até a reconstrução de narizes e de lábios leporinos, além
de partos cesarianos. Utilizavam Beladona e Cannabis, assim como o hipnotismo
para anestesiamento dos pacientes. Preocupavam-se com a limpeza e a proteção das
feridas, descreveram doenças como a febre tifoide, a lepra, a
hepatite, a cólera, o diabetes, alterações neurológicas
e tuberculose. Conheciam o transmissor da malária e acreditavam que as
doenças ocorriam pela impureza dos líquidos corporais (DONAHUE, 1993;
MOLINA, 1973). A medicina tornou-se científica, graças a Hipócrates,
que deixou de lado a crença de que as doenças eram causadas por maus espíritos.
Hipócrates é considerado até hoje o Pai da Medicina. Os médicos hindus
realizavam juramento para, por exemplo, tratar tanto dos pobres como dos ricos,
não procurar lucro excessivo, nem vingar-se, e guardar confidências. Para a
escolha dos enfermeiros também havia requisitos como: asseio, habilidade,
inteligência, conhecimento de arte culinária e de preparo de remédios. No
aspecto moral deveriam ser puros, dedicados e cooperadores (MOLINA,
1973).
CHINA
Os
chineses eram politeístas, idólatras e animistas; adoravam imagens de madeira
pintada ,ofereciam sacrifícios e acreditavam que os males espirituais eram
responsáveis pelas doenças e pelos desastres(DONAHUE, 1993; MOLINA,
1973). O conhecimento médico incluía técnicas de
dissecação, sistema circulatório, massagem, uso terapêutico do banho e o
significado da frequência do pulso. O diagnóstico era estabelecido de acordo
com a verificação do pulso do paciente durante várias vezes ao dia Há
relatos de verificação do pulso em cerca de duzentas vezes (DONAHUE, 1993;
DOCK, STEWART, 1938). Como entendiam que as doenças eram causadas por espíritos
malignos, acreditavam que quem tocasse nos doentes seriam contaminado (CHASSOT,
1939/1934). Existiam poucas referências sobre hospitais apenas salas de
curativos que ficavam junto aos templo, onde enfermos oravam para recuperar a
saúde. Também usavam alimentos na cura e dividiam assim: os quentes(pimentas e
alho); os mornos(gengibre e coco); os neutros(milho e arroz); os frescos
(pepino e berinjela ; os frios(germe de trigo e limão). Na medicina
chinesa ,os medicamentos dividiam-se em: grandes remédios (receitas curativas potentes);
pequenos remédios (que removiam superficialmente a doença leve) ;remédios
diferidos (que extirpavam as doenças crônicas); remédios de emergência (que
controlavam imediatamente os sintomas); e tônicos, os remédios de harmonia (que
aumentavam a vitalidade e as energias internas, melhorando a resistência a
doenças e harmonizando o corpo). (CAMPOS, 1958). A área de cirurgia
não avançou de forma significativa, em razão da impossibilidade de dissecarem
cadáveres.
JAPÃO
O
Japão teve a maior parte de suas primeiras idéias provenientes de médicos da
china. A única terapêutica era a das águas termais. A eutanásia era considerada
lícita (MOLINA, 1973; DOCK, STEWART, 1938). A morte, a doença, e todas as
efusões de sangue acarretavam impureza. Os deuses tinham apenas importância
local. A comunicação com o divino assegurava-se por mulheres-médiuns que
praticavam o espiritismo e a feitiçaria.(CARVALHO; PEREIRA, 2008).
ROMA
Antes
da conquista da Grécia os cuidados médicos combinavam práticas populares,
magia e religião. Na Roma Antiga os cuidados médicos eram praticados pelos
escravos ou estrangeiros. Os tratamentos aos doentes eram baseados na
observação empírica das casas e dos efeitos. As principais práticas
terapêuticas são: rezas; fitoterapia (plantas medicinais:camomila para
digestão, alho, limão, catuaba, castanha da índia etc.);
escarificações
(corte feito na pele com bisturi com a remoção da mesma, para receber alguns
remédios, vacinas, etc); e xamanismo no qual de acordo com a tradição
é honrado o criador e suas criaturas, ou seja a adoração aos animais,pedras,
plantas, água, ventos e outras manifestações da natureza. Esse
alinhamento com as forças da natureza se transforma em poder de cura e expande
habilidades psíquicas através da conexão com a vida, o sagrado, com o
mistério da criação. Os Romanos construíram hospitais militares
(valetudinária). Não ha registros de serviços de enfermagem nos escritos;
a referência da realização do cuidado com os paciente era feita por militares
ou por uma mulher idosa que atendia os feridos nos hospitais de guerra
(MOMMSER, 1960/1973; ROBINSON JR, 1966; SOUZA, 2005). A água da chuva
era usada na formulação de remédios. A coleta de lixo era feita regularmente, a
rede de esgotos era excelente e é utilizada até hoje. Também havia preocupação
com a vigilância nas construções e as prostitutas eram monitoradas quanto a sua
saúde (SOUZA, 2008; VIEIRA, 2008).
GRÉCIA
Havia
na história grega inúmeras referências aos enfermeiros, com indícios de que os
primeiros foram homens, reservando-se as mulheres zelar pelas crianças, ser
amas e realizar partos. Os médicos só realizavam os partos difíceis e anormais.
Nos escritos de Hipócrates há citação da existência do assistente do médico, ou
seja, do enfermeiro, que auxiliava na aplicação de emplastros, cataplasmas,
compressas frias, dietas líquidas e banhos quentes. Cabia ao médico encontrar
os remédios na natureza e buscar a harmonia e o equilíbrio entre os
elementos naturais e humanos. Esse entendimento pode estar relacionado à
perspectiva holística da enfermagem, desde o início da profissão (DONAHUE,
1993). Hipócrates de Cós (460-370 a.C.), foi considerado o Pai da Medicina
e da Epidemiologia antiga. Era discípulo de Esculápio e, para ele,as
doenças ocorriam da interação do homem com o meio ambiente. Contribuiu nas
áreas de patologia, anatomia, diagnóstico, prognóstico, tratamento, cirurgia,
ginecologia, higiene, ética profissional e doenças mentais.
MUNDO
OCIDENTAL-AMÉRICA
Povos
como incas, maias, astecas e toltecas apresentavam alto grau de
desenvolvimento. Combinavam religião, magia, medicina, enfermagem
e farmácia com atividades exercidas pelos bruxos ou curandeiros, mais
tarde designados sacerdotes, que tinham como função curar as doenças da alma e
do corpo. Como em outras civilizações acreditavam que as doenças aconteciam
pela ira dos deuses.O sol era adotado como um deus. Acreditavam que a saúde era
o equilíbrio do homem com a natureza e o sobrenatural. A cura
dependia de cada povo, ou seja, podiam realizar orações, cerimônias, cânticos,
tratamentos a base de ervas para prevenção; tinham amuletos, talismãs e
fetiches. Algumas tribos ainda praticavam o sacrifício humano, outras
acreditavam na transferência da doença para um animal por meio de um ritual
mágico. Todos estes rituais eram realizados em
cabanas construídas para a prática da medicina (ABIKO; ALMEIDA;
BARREIROS, 1995).
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