domingo, 21 de abril de 2013

ORIGENS DA ENFERMAGEM: A ENFERMAGEM NAS CIVILIZAÇÕES ANTIGAS (12/12/2012)


Fizemos, através da História, uma breve volta ao passado para compreender o presente. Imaginamos uma mãe cuidando do seu bebê enfermo e realizando vários cuidados para socorrê-lo, ele ali indefeso. Com essa cena podemos imaginar que a nossa mãe foi a primeira enfermeira da humanidade. Os cuidados maternais tem uma relação próxima com a enfermagem, pode-se dizer que é uma ciência ligada com a arte do cuidar. Segundo a enfermeira francesa Françoise Colliere os cuidados existiram desde que surgiu a vida, uma vez que os seres humanos deles necessitam para sua sobrevivência (OGUISSO,2007). As primeiras civilizações surgem no Oriente Próximo (Mesopotâmia e Egito), e em seguida nas regiões da Ásia Oriental (Índia e China).

EGITO

Os egípcios acreditavam na vida após a morte e na imortalidade da alma, e por motivos religiosos e culturais tornaram-se especialistas em mumificação. Com os cuidados da mumificação eles tinham a finalidade de prender a alma ao corpo, pois acreditavam em vida eterna. Eles também tinham habilidade de embalsamar e fazer ataduras, graças a eles podemos entender o processo de bandagem com ataduras que é utilizado até hoje. Os egípcios conheciam e praticavam o hipnotismo e o controle da mente, estudavam a imaginação e interpretavam os sonhos. Acreditavam que o coração era o centro de tudo. Reconheciam o ato respiratório como o mais importante (DONAHUE, 1993; DOCK, STEWART, 1938). Não havia nenhuma menção da existência de hospitais, nem de enfermeiros. Haviam sacerdote-mago(sacerdotes) e sacerdote-médico(médicos) e profissionais que cuidavam dos doentes. Eles tinham conhecimento sobre preparação de drogas e suas terapêuticas, realizavam infusões, soluções para injeções, comprimidos, loções, pomadas, emplastros e outras formas de medicamentos usados até hoje em dia. Sabiam tanto sobre as drogas que podemos dizer que iniciaram os fundamentos da química.
Corpo mumificado de origem egípcia

PALESTINA

Na Palestina a doença era considerada um castigo pelos pecados. Existiam citações da época que as amas de leite eram também as cuidadoras dos enfermos, as parteiras judias já orientavam os cuidados de higiene das mães e dos bebês e já estimulavam o parto de cócoras. Débora é a primeira enfermeira citada na história, aparecendo na Bíblia no livro de Gêneses capítulo 24, ela surge na história de Rebeca como cuidadora de seus filhos, e quando era chamada prestava cuidados aos enfermos de sua família. Os hebreus não deixaram nenhum tratamento médico, mas na Bíblia podemos encontrar muitas normas de higiene. "Quem se assentar na cadeira onde esteve um homem atacado de gonorreia lavará suas vestes, banhar-se-á em água, e ficará impuro até tarde" (Levítico, 15:6, Bíblia Sagrada, 1982).
       São ensinados o exame do doente, o diagnóstico, o isolamento, o afastamento dos objetos contaminados para lugares inacessível, o expurgo, a desinfecção.  Existiam algumas proibições em relação a dieta, proibiam a ingestão de sangue, nem se podiam comer animais mortos de causa naturais e nem mortos acidentalmente. Eram permitidos se alimentar com pássaros, peixes de escamas e barbatanas. Acreditavam que todos independente da posição social, deveriam receber cuidados médicos iguais

ASSÍRIA E BABILÔNIA

A medicina era baseada na magia. Acreditavam que as doenças eram causadas pela ira dos deuses e por espíritos malignos. Para agradar os espíritos bons, realizavam cerimônias em que utilizavam encantamentos e o fogo, praticando várias formas de magias ocultas, entre elas a quiromancia, a comunicação com os mortos e as bolas de cristais (DONAHUE, 1993, MOLINA, 1973). A dieta também era muito importante, eles também usavam massagens, tinham colírios adstringentes para conjuntivites, realizavam tamponamento das fossas nasais em epistaxes rebeldes (DONAHUE, 1993).

PÉRSIA

Não há relatos da existência de enfermeiras apenas de procedimentos médicos. Absorveram conhecimentos dos povos conquistados,como os princípios da medicina e da cirurgia. A confiança era tanta que o imperador Dário construiu o que podemos acreditar ter sido a primeira escola médica, dando origens a três tipos de médicos: os que curavam com plantas, os que curavam com encantos e os que praticavam o exorcismo.(DONAHUE,1993).

ÍNDIA

O tratamento geral para as doenças consistia de dieta, banhos, clisteres, inalações e sangrias. Utilizavam plantas medicinais como antídoto para alguns venenos. A Índia aperfeiçoou técnicas e procedimentos cirúrgicos, realizando desde amputações, retiradas de tumores, cataratas, hérnias e cálculos de vesícula, até a reconstrução de narizes e de lábios leporinos, além de partos cesarianos. Utilizavam Beladona e Cannabis, assim como o hipnotismo para anestesiamento dos pacientes. Preocupavam-se com a limpeza e a proteção das feridas, descreveram doenças como a febre tifoide, a lepra, a hepatite, a cólera, o diabetes, alterações neurológicas e tuberculose. Conheciam o transmissor da malária e acreditavam que as doenças ocorriam pela impureza dos líquidos corporais (DONAHUE, 1993; MOLINA, 1973). A medicina tornou-se científica, graças a Hipócrates, que deixou de lado a crença de que as doenças eram causadas por maus espíritos. Hipócrates é considerado até hoje o Pai da Medicina. Os médicos hindus realizavam juramento para, por exemplo, tratar tanto dos pobres como dos ricos, não procurar lucro excessivo, nem vingar-se, e guardar confidências. Para a escolha dos enfermeiros também havia requisitos como: asseio, habilidade, inteligência, conhecimento de arte culinária e de preparo de remédios. No aspecto moral deveriam ser puros, dedicados e cooperadores (MOLINA, 1973).

CHINA

         Os chineses eram politeístas, idólatras e animistas; adoravam imagens de madeira pintada ,ofereciam sacrifícios e acreditavam que os males espirituais eram responsáveis pelas doenças e pelos desastres(DONAHUE, 1993; MOLINA, 1973). O conhecimento médico incluía técnicas de dissecação, sistema circulatório, massagem, uso terapêutico do banho e o significado da frequência do pulso. O diagnóstico era estabelecido de acordo com a  verificação do pulso do paciente durante várias vezes ao dia Há relatos de verificação do pulso em cerca de duzentas vezes (DONAHUE, 1993; DOCK, STEWART, 1938). Como entendiam que as doenças eram causadas por espíritos malignos, acreditavam que quem tocasse nos doentes seriam contaminado (CHASSOT, 1939/1934). Existiam poucas referências sobre hospitais apenas salas de curativos que ficavam junto aos templo, onde enfermos oravam para recuperar a saúde. Também usavam alimentos na cura e dividiam assim: os quentes(pimentas e alho); os mornos(gengibre e coco); os neutros(milho e arroz); os frescos (pepino e berinjela ; os frios(germe de trigo e limão). Na medicina chinesa ,os medicamentos dividiam-se em: grandes remédios (receitas curativas potentes); pequenos remédios (que removiam superficialmente a doença leve) ;remédios diferidos (que extirpavam as doenças crônicas); remédios de emergência (que controlavam imediatamente os sintomas); e tônicos, os remédios de harmonia (que aumentavam a vitalidade e as energias internas, melhorando a resistência a doenças e harmonizando o corpo). (CAMPOS, 1958). A área de cirurgia não avançou de forma significativa, em razão da impossibilidade de dissecarem cadáveres.

JAPÃO

      O Japão teve a maior parte de suas primeiras idéias provenientes de médicos da china. A única terapêutica era a das águas termais. A eutanásia era considerada lícita (MOLINA, 1973; DOCK, STEWART, 1938). A morte, a doença, e todas as efusões de sangue acarretavam impureza. Os deuses tinham apenas importância local. A comunicação com o divino assegurava-se por mulheres-médiuns que praticavam o espiritismo e a feitiçaria.(CARVALHO; PEREIRA, 2008).

ROMA

Antes da conquista da Grécia os cuidados médicos combinavam práticas populares, magia e religião. Na Roma Antiga os cuidados médicos eram praticados pelos escravos ou estrangeiros. Os tratamentos aos doentes eram baseados na observação empírica das casas e dos efeitos. As principais práticas terapêuticas são: rezas; fitoterapia (plantas medicinais:camomila para digestão, alho, limão, catuaba, castanha da índia etc.); 
escarificações (corte feito na pele com bisturi com a remoção da mesma, para receber alguns remédios, vacinas, etc); e xamanismo no qual de acordo com a tradição é honrado o criador e suas criaturas, ou seja a adoração aos animais,pedras, plantas, água, ventos e  outras manifestações da natureza. Esse alinhamento com as forças da natureza se transforma em poder de cura e expande habilidades psíquicas através da conexão com a vida, o sagrado, com o mistério da criação. Os Romanos construíram hospitais militares (valetudinária). Não ha registros de serviços de enfermagem nos escritos; a referência da realização do cuidado com os paciente era feita por militares ou por uma mulher idosa que atendia os feridos nos hospitais de guerra (MOMMSER, 1960/1973; ROBINSON JR, 1966; SOUZA, 2005). A água da chuva era usada na formulação de remédios. A coleta de lixo era feita regularmente, a rede de esgotos era excelente e é utilizada até hoje. Também havia preocupação com a vigilância nas construções e as prostitutas eram monitoradas quanto a sua saúde (SOUZA, 2008; VIEIRA, 2008).

GRÉCIA

Havia na história grega inúmeras referências aos enfermeiros, com indícios de que os primeiros foram homens, reservando-se as mulheres zelar pelas crianças, ser amas e realizar partos. Os médicos só realizavam os partos difíceis e anormais. Nos escritos de Hipócrates há citação da existência do assistente do médico, ou seja, do enfermeiro, que auxiliava na aplicação de emplastros, cataplasmas, compressas frias, dietas líquidas e banhos quentes. Cabia ao médico encontrar os remédios na natureza e buscar a harmonia e o equilíbrio entre os elementos naturais e humanos. Esse entendimento pode estar relacionado à perspectiva holística da enfermagem, desde o início da profissão (DONAHUE, 1993). Hipócrates de Cós (460-370 a.C.), foi considerado o Pai da Medicina e da Epidemiologia antiga. Era discípulo de Esculápio e, para ele,as doenças ocorriam da interação do homem com o meio ambiente. Contribuiu nas áreas de patologia, anatomia, diagnóstico, prognóstico, tratamento, cirurgia, ginecologia, higiene, ética profissional e doenças mentais.

MUNDO OCIDENTAL-AMÉRICA

Povos como incas, maias, astecas e toltecas apresentavam alto grau de desenvolvimento. Combinavam religião, magia, medicina, enfermagem e farmácia com atividades exercidas pelos bruxos ou curandeiros, mais tarde designados sacerdotes, que tinham como função curar as doenças da alma e do corpo. Como em outras civilizações acreditavam que as doenças aconteciam pela ira dos deuses.O sol era adotado como um deus. Acreditavam que a saúde era o equilíbrio do homem com a natureza e o sobrenatural. A cura dependia de cada povo, ou seja, podiam realizar orações, cerimônias, cânticos, tratamentos a base de ervas para prevenção; tinham amuletos, talismãs e fetiches. Algumas tribos ainda praticavam o sacrifício humano, outras acreditavam na transferência da doença para um animal por meio de um ritual mágico. Todos estes rituais eram realizados em cabanas construídas para a prática da medicina (ABIKO; ALMEIDA; BARREIROS, 1995). 




Nenhum comentário:

Postar um comentário