Mais
uma vez estamos diante de uma afirmativa de que os cuidados da nossa mãe
conosco, o instinto em nos proteger foi a primeira forma de manifestação do ser
humano no cuidado com o semelhante. Cuidar é um ato que tem como fim
primeiramente permitir que a vida continue a desenvolver-se e, assim, lutar
contra a morte. Morte do indivíduo, morte do grupo, morte da espécie.
Durante milhares de anos, os cuidados não pertenciam a um ofício, muito menos a
uma profissão, pois diziam respeito a qualquer pessoa que ajudasse qualquer
outra a garantir o que lhe era necessário para continuar sua vida, em relação à
vida do grupo. Seria o cuidador (FRANCOISE COLLIERE). Com efeito, as atuais
profissões voltadas para a saúde emergiram de um tronco histórico comum
plantado sobre as práticas de cuidados. Jamieson afirma que havia pouquíssima
distinção entre medicina e enfermagem. A Enfermagem como atividade profissional
foi inicialmente concebida como parte integrante da prática médica e também
da prática social, porque encontrava-se articulada com o conjunto das
práticas que compõem a estrutura das sociedades e, portanto, era determinada
por aspectos econômicos, políticos e ideológicos. Sendo uma
prática social, ela possui caráter histórico, pois se transforma e é
determinada socialmente (DONANGELO).
O CUIDAR NA IDADE MÉDIA
O
cuidar era feito por uma mão de obra não valorizada, as mulheres, os escravos e
os religiosos. Tinham uma atenção especial aos partos até porque era a
garantia de perpetuação da espécie,e era assistido por viúvas e mulheres mais
idosas com experiência. As grandes epidemias como a peste bubônica, a sífilis,
a lepra e os desastres ecológicos paralisavam a vida política e social. A
necessidade de auxílio e de redenção dos sofrimentos, aliada a sensibilidade
mística do povo, encontrava a expressão na religião cristã, que começou a
progredir. A igreja ganhou status dentro da sociedade, suprindo o que os
governantes não faziam. As organizações eclesiásticas assumiram o monopólio moral,
intelectual e financeiro. Até porque todos os conhecimentos ficaram ao
poder da igreja, o cuidar era da igreja, com isso, perderam-se acesso aos
trabalhos científicos originais da antiguidade clássica, ou seja, os tratados
foram queimados, guardados, escondidos para não terem o direito de discutir. A
medicina medieval foi fortemente influenciada pelas convicções religiosas. Na
Idade Média, a cultura era lixo, sujeiras, falta de higiene e infecções
cruzadas e cerca de um terço da população morria antes de completar uma ano de
idade e outros viviam só até os dez anos. Os recém nascidos morriam com o
mal de sete dias (tétano perinatal), tempo correspondente ao período de
incubação da doença e que era contraída por uma bactéria na hora do parto pela
falta de higiene. Era tanta sujeira que as casas eram infestadas por ratos,
pulgas que disputavam restos de comidas com criação de animais. No
final da Idade Média, a medicina limitava-se ao isolamento e quarentena. Para
os pobres e ignorantes, a resposta era simples aos males: eram castigos de
Deus. Para quase tudo se receitava chás, banhos, sangrias. Os doentes
compartilhavam as mesmas camas e não havia separação entre o lugar de comer e
dormir. Não existia um lugar para eliminação das necessidades fisiológicas e
para higiene.
Peste
negra, um exemplo do que a falta de higiene pode provocar
AS
CRUZADAS E SUA INFLUÊNCIA NA AÇÃO DO CUIDAR
As
cruzadas duraram 196 anos e foi uma pseudo guerra religiosa. Os cristãos eram
induzidos e alienados em busca da terra santa, logo, as Cruzadas foram
empreendidas por motivo religioso, expansão territorial e intercâmbio cultural
(monges e militares), e foram dirigidas pelo papa. A terra santa era buscada
por peregrinos, homens e mulheres que queriam visitar o túmulo de Cristo,
mas eles sofriam perseguições de muçulmanos. A caminhada para a terra
santa era árdua e longa e não havia provisão alimentar suficiente e nem
precauções sanitárias. Até os monges deixavam seus mosteiros para participar
destas expedições. Com a aliança do cristianismo e feudalismo, juntos, buscaram
uma solução. Os senhores feudais assumiram o encargo de aliviar a Europa e
a terra santa de enfermidades e pobreza. E a igreja, com a ajuda dos povoados,
começaram a construir hospitais, onde se instalou grande número de
monges-militares para cuidar dos ferimentos e doenças. Entre os peregrinos
haviam muitas mulheres, o qual gerou a necessidade de construir hospitais
também para elas. Daí o surgimento do Hospital de São João de Jerusalém
para homens e o Hospital de Santa Maria de Madalena para as mulheres. Mas não
há dúvida de que a Enfermagem sofreu forte influência das Cruzadas, uma vez que
a rígida hierarquia e a disciplina existentes na vida militar e mesmo na
clerical e religiosa foram em muito assimiladas pelos pioneiros para moldar a
formação dos primeiros enfermeiros. As cruzadas eram expedições militares que
contavam, entre seus participantes, com os guerreiros e também com monges e
senhores feudais. Todos estampavam uma cruz vermelha nos ombros, no peito e nas
bandeiras, dai o nome de cruzada por usarem a cruz, símbolo de Cristo.
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