domingo, 21 de abril de 2013

A ORIGEM DA PRÁTICA DO CUIDAR (17/12/2012)


Mais uma vez estamos diante de uma afirmativa de que os cuidados da nossa mãe conosco, o instinto em nos proteger foi a primeira forma de manifestação do ser humano no cuidado com o semelhante. Cuidar é um ato que tem como fim primeiramente permitir que a vida continue a desenvolver-se e, assim, lutar contra a morte. Morte do indivíduo, morte do grupo, morte da espécie. Durante milhares de anos, os cuidados não pertenciam a um ofício, muito menos a uma profissão, pois diziam respeito a qualquer pessoa que ajudasse qualquer outra a garantir o que lhe era necessário para continuar sua vida, em relação à vida do grupo. Seria o cuidador (FRANCOISE COLLIERE). Com efeito, as atuais profissões voltadas para a saúde emergiram de um tronco histórico comum plantado sobre as práticas de cuidados. Jamieson afirma que havia pouquíssima distinção entre medicina e enfermagem. A Enfermagem como atividade profissional foi inicialmente concebida como parte integrante da prática médica e também da prática social, porque encontrava-se articulada com o conjunto das práticas que compõem a estrutura das sociedades e, portanto, era determinada por aspectos econômicos, políticos e ideológicos. Sendo uma prática social, ela possui caráter histórico, pois se transforma e é determinada socialmente (DONANGELO).

O CUIDAR NA IDADE MÉDIA

O cuidar era feito por uma mão de obra não valorizada, as mulheres, os escravos e os religiosos. Tinham uma atenção especial aos partos até porque era a garantia de perpetuação da espécie,e era assistido por viúvas e mulheres mais idosas com experiência. As grandes epidemias como a peste bubônica, a sífilis, a lepra e os desastres ecológicos paralisavam a vida política e social. A necessidade de auxílio e de redenção dos sofrimentos, aliada a sensibilidade mística do povo, encontrava a expressão na religião cristã, que começou a progredir. A igreja ganhou status dentro da sociedade, suprindo o que os governantes não faziam. As organizações eclesiásticas assumiram o monopólio moral, intelectual e financeiro. Até porque todos os conhecimentos ficaram ao poder da igreja, o cuidar era da igreja, com isso, perderam-se acesso aos trabalhos científicos originais da antiguidade clássica, ou seja, os tratados foram queimados, guardados, escondidos para não terem o direito de discutir. A medicina medieval foi fortemente influenciada pelas convicções religiosas. Na Idade Média, a cultura era lixo, sujeiras, falta de higiene e infecções cruzadas e cerca de um terço da população morria antes de completar uma ano de idade e outros  viviam só até os dez anos. Os recém nascidos morriam com o mal de sete dias (tétano perinatal), tempo correspondente ao período de incubação da doença e que era contraída por uma bactéria na hora do parto pela falta de higiene. Era tanta sujeira que as casas eram infestadas por ratos, pulgas que disputavam restos de comidas com criação de animais. No final da Idade Média, a medicina limitava-se ao isolamento e quarentena. Para os pobres e ignorantes, a resposta era simples aos males: eram castigos de Deus. Para quase tudo se receitava chás, banhos, sangrias. Os doentes compartilhavam as mesmas camas e não havia separação entre o lugar de comer e dormir. Não existia um lugar para eliminação das necessidades fisiológicas e para higiene.
Peste negra, um exemplo do que a falta de higiene pode provocar

AS CRUZADAS E SUA INFLUÊNCIA NA AÇÃO DO CUIDAR

As cruzadas duraram 196 anos e foi uma pseudo guerra religiosa. Os cristãos eram induzidos e alienados em busca da terra santa, logo, as Cruzadas foram empreendidas por motivo religioso, expansão territorial e intercâmbio cultural (monges e militares), e foram dirigidas pelo papa. A terra santa era buscada por peregrinos, homens e mulheres que queriam visitar o túmulo de Cristo, mas eles sofriam perseguições de muçulmanos. A caminhada para a terra santa era árdua e longa e não havia provisão alimentar suficiente e nem precauções sanitárias. Até os monges deixavam seus mosteiros para participar destas expedições. Com a aliança do cristianismo e feudalismo, juntos, buscaram uma solução. Os senhores feudais assumiram o encargo de aliviar a Europa e a terra santa de enfermidades e pobreza. E a igreja, com a ajuda dos povoados, começaram a construir hospitais, onde se instalou grande número de monges-militares para cuidar dos ferimentos e doenças. Entre os peregrinos haviam muitas mulheres, o qual gerou a necessidade de construir hospitais também para elas. Daí o surgimento do Hospital de São João de Jerusalém para homens e o Hospital de Santa Maria de Madalena para as mulheres. Mas não há dúvida de que a Enfermagem sofreu forte influência das Cruzadas, uma vez que a rígida hierarquia e a disciplina existentes na vida militar e mesmo na clerical e religiosa foram em muito assimiladas pelos pioneiros para moldar a formação dos primeiros enfermeiros. As cruzadas eram expedições militares que contavam, entre seus participantes, com os guerreiros e também com monges e senhores feudais. Todos estampavam uma cruz vermelha nos ombros, no peito e nas bandeiras, dai o nome de cruzada por usarem a cruz, símbolo de Cristo.






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