domingo, 21 de abril de 2013

SAÚDE NA REPUBLICA VELHA (04/02/2013)


                A Enfermagem no período colonial brasileiro surge vinculada ao altruísmo religioso, onde a atenção é voltada aos pobres e enfermos, ligada à missão cristã de servir, numa aparente garantia de salvação. Em 1889 com a Proclamação da República, houve a laicização do Estado, e a partir daí houve o início da institucionalização da Enfermagem no Brasil, sendo implementado o modelo Nightingaleano que destitui o caráter religioso, mas mantém-se  os valores religiosos.
                Comentamos de duas personagens que foram importantes no panorama da Enfermagem brasileira, Francisca de Sande que foi a primeira voluntária de Enfermagem do país, que dedicou sua viuvez ao cuidado dos enfermos pobres na Bahia; a outra  é a conhecida Anna Nery, considerada a pioneira da Enfermagem no Brasil, que acompanhou seus filhos e irmãos na guerra do Paraguai (1864-1870), e incorporada ao batalhão como enfermeira dedicou-se em serviços ininterruptos nos hospitais militares.
                A partir daí houve o desenvolvimento da educação em Enfermagem marcada por influências internacionais e político-econômicas. E em 1880 houve a criação da Escola de Enfermagem no Hospital de Alienados no Rio de Janeiro, com o objetivo de formar profissionais habilitados no atendimento de doente psiquiátrico. Em 1888 houve a abolição da Escravatura, e a formação de aglomerados urbanos que fez com que as condições sanitárias e higiênicas ficassem precárias, havendo surtos de doenças.
                Quando as epidemias começaram a afastar os países que tinham relações comerciais com o Brasil, sentiu-se a necessidade de sanear os portos e o espaço urbano, e a partir daí foi criado o Conselho Nacional de Saúde Pública (1890) e também a Inspetoria Geral de Higiene, e em 1892 houve a criação dos laboratórios de Saúde Pública voltados para a criação de vacinas, em 1897 foi criado a Diretória Geral de Saúde Pública que priorizou o controle dos portos, pois através deles epidemias se alastravam pelas cidades.
                Nessa época o Brasil precisou pedir empréstimos ao exterior, e o problema da saúde passou a ser uma questão econômico social, pois além de afetar a população urbana aglomerada, ainda prejudicava a expansão comercial brasileira, o que fez com que o governo tomasse medidas mais severas e eficazes em relação aos portos, como estabelecer quarentena.
                Quando assume a presidência em 1902, Rodrigues Alves pega uma economia mais estabilizada devido o ciclo da borracha, e ele buscava erradicar a febre amarela, pois era bastante interessado na ciência e saúde pública e nomeia Oswaldo Cruz como Diretor Geral do Departamento Nacional de Saúde Pública.
                Oswaldo Cruz percebeu que somente de forma metódica obteria êxito no combate às doenças, e introduz a militarização nas campanhas de saúde. Esse autoritarismo na saúde pública foi o que acabou gerando a Revolta da Vacina. Ele criou as brigadas de matas para aniquilar os mosquitos transmissores da febre amarela; tentou desratizar as cidades através de recompensas, porém houve corrupção por parte da população, que começou a "importar ratos" para ganhar dinheiro, apesar disso o número de casos de peste bubônica chegou a quase zero em 1903.
                Em meio à política anti-industrial de Campos Sales (presidente anterior) houve o fechamento de fábricas o número de desemprego aumentou bastante; faltava democracia, devido a política dos governadores; houve um surto de modernização que colocou abaixo os cortiços; e em meio à essa realidade foi imposta com violência uma campanha antivariólica e sem esclarecimentos a população. E foi nesse contexto que ocorreu a Revolta da Vacina, esta introduzida no Brasil em 1811, obrigatória por decreto. Como nem sempre a lei era cumprida, tentaram fazer o cumprimento dela através da força. Após a Revolta da Vacina a vacinação não foi mais obrigatória. Em 1908 teve um novo surto, porém Oswaldo Cruz afasta-se da política sanitária para se dedicar a pesquisas.
                Em 1908 a Cruz Vermelha Brasileira foi instalada no Brasil, seu primeiro presidente foi Oswaldo Cruz, e teve grande atuação na Primeira Guerra Mundial (1914-1918). A partir dessa necessidade de ter socorristas em 1914 foi criado cursos para voluntários de curta duração para agirem com supervisão médica. Porém em 1916 foi criada a Escola Prática de Enfermagem da Cruz Vermelha voltada para a formação de socorrista voluntário para situações de emergência, curso de duração de 2 anos.
                Em 1918 houve a pandemia de gripe espanhola, que fez com que todos se preocupassem com o saneamento. As campanhas de vacinação estavam sendo insuficientes para o numero de doenças que atingiam uma massa grande. Surge a Liga pró-saneamento que sugeriu a criação de um ministério de higiene e saúde pública.
                Em 1920 foi criado o Departamento Nacional de Saúde Pública, chefiado por Carlos Chagas (descobridor do agente causador da doença de chagas), que voltava ações para o controle de doenças transmissíveis como febre amarela, malária e parasitoses. Carlos Chagas promoveu a formação de enfermeiros para inicialmente atender os hospitais civis e militares, e depois às atividades de saúde pública. Adotou o modelo norte-americano de assistência a saúde, onde enfermeiras visitavam os moradores de um determinado distrito de saúde. Trouxe enfermeiras norte-americanas, custeadas pelo Instituto Rockefeller, para analisar a situação brasileira, e a partir daí surgiu a necessidade de criação de um grupo de enfermeiras do DNSP e de uma Escola de Enfermagem relacionada.
                Em 1922 o modelo de Nightingale chega ao Brasil com as enfermeiras norte-americanas, e tinha alguns requisitos para ser estudante de Enfermagem: ter certo grau de cultura, ser jovem e sã. Na Escola de Enfermagem da DNSP a formação era orientada para disciplinas de cunho preventivo na comunidade e as estudantes eram obrigadas a 8h de trabalho diárias no hospital. Essa proposta de foi importante, pois desenvolveu um modelo de ensino mais sistematizado e focado na redução da mortalidade.
                Um ano depois, em 1923, foi fundada a Escola de Enfermagem Anna Nery, no Rio de Janeiro. Essa Instituição foi organizada por enfermeiras norte-americanas trazidas com o apoio da Fundação Rockefeller. Esta escola de Enfermagem tornou-se a padrão, e as enfermeiras formadas nela tornavam-se professoras ou chefiavam os serviços. Em 1930 houve a Revolução de 30, e Getúlio Vargas assume a liderança do “Governo Provisório”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário