A
Enfermagem no período colonial brasileiro surge vinculada ao altruísmo religioso,
onde a atenção é voltada aos pobres e enfermos, ligada à missão cristã de
servir, numa aparente garantia de salvação. Em 1889 com a Proclamação da
República, houve a laicização do Estado, e a partir daí houve o início da
institucionalização da Enfermagem no Brasil, sendo implementado o modelo
Nightingaleano que destitui o caráter religioso, mas mantém-se os valores religiosos.
Comentamos
de duas personagens que foram importantes no panorama da Enfermagem brasileira,
Francisca de Sande que foi a primeira voluntária de Enfermagem do país, que
dedicou sua viuvez ao cuidado dos enfermos pobres na Bahia; a outra é a conhecida Anna Nery, considerada a
pioneira da Enfermagem no Brasil, que acompanhou seus filhos e irmãos na guerra
do Paraguai (1864-1870), e incorporada ao batalhão como enfermeira dedicou-se
em serviços ininterruptos nos hospitais militares.
A
partir daí houve o desenvolvimento da educação em Enfermagem marcada por
influências internacionais e político-econômicas. E em 1880 houve a criação da
Escola de Enfermagem no Hospital de Alienados no Rio de Janeiro, com o objetivo
de formar profissionais habilitados no atendimento de doente psiquiátrico. Em
1888 houve a abolição da Escravatura, e a formação de aglomerados urbanos que
fez com que as condições sanitárias e higiênicas ficassem precárias, havendo
surtos de doenças.
Quando
as epidemias começaram a afastar os países que tinham relações comerciais com o
Brasil, sentiu-se a necessidade de sanear os portos e o espaço urbano, e a
partir daí foi criado o Conselho Nacional de Saúde Pública (1890) e também a
Inspetoria Geral de Higiene, e em 1892 houve a criação dos laboratórios de
Saúde Pública voltados para a criação de vacinas, em 1897 foi criado a
Diretória Geral de Saúde Pública que priorizou o controle dos portos, pois
através deles epidemias se alastravam pelas cidades.
Nessa
época o Brasil precisou pedir empréstimos ao exterior, e o problema da saúde
passou a ser uma questão econômico social, pois além de afetar a população
urbana aglomerada, ainda prejudicava a expansão comercial brasileira, o que fez
com que o governo tomasse medidas mais severas e eficazes em relação aos
portos, como estabelecer quarentena.
Quando
assume a presidência em 1902, Rodrigues Alves pega uma economia mais estabilizada
devido o ciclo da borracha, e ele buscava erradicar a febre amarela, pois era
bastante interessado na ciência e saúde pública e nomeia Oswaldo Cruz como
Diretor Geral do Departamento Nacional de Saúde Pública.
Oswaldo
Cruz percebeu que somente de forma metódica obteria êxito no combate às
doenças, e introduz a militarização nas campanhas de saúde. Esse autoritarismo
na saúde pública foi o que acabou gerando a Revolta da Vacina. Ele criou as
brigadas de matas para aniquilar os mosquitos transmissores da febre amarela;
tentou desratizar as cidades através de recompensas, porém houve corrupção por
parte da população, que começou a "importar ratos" para ganhar
dinheiro, apesar disso o número de casos de peste bubônica chegou a quase zero em
1903.
Em
meio à política anti-industrial de Campos Sales (presidente anterior) houve o
fechamento de fábricas o número de desemprego aumentou bastante; faltava
democracia, devido a política dos governadores; houve um surto de modernização
que colocou abaixo os cortiços; e em meio à essa realidade foi imposta com
violência uma campanha antivariólica e sem esclarecimentos a população. E foi
nesse contexto que ocorreu a Revolta da Vacina, esta introduzida no Brasil em
1811, obrigatória por decreto. Como nem sempre a lei era cumprida, tentaram
fazer o cumprimento dela através da força. Após a Revolta da Vacina a vacinação
não foi mais obrigatória. Em 1908 teve um novo surto, porém Oswaldo Cruz
afasta-se da política sanitária para se dedicar a pesquisas.
Em
1908 a Cruz Vermelha Brasileira foi instalada no Brasil, seu primeiro
presidente foi Oswaldo Cruz, e teve grande atuação na Primeira Guerra Mundial
(1914-1918). A partir dessa necessidade de ter socorristas em 1914 foi criado
cursos para voluntários de curta duração para agirem com supervisão médica.
Porém em 1916 foi criada a Escola Prática de Enfermagem da Cruz Vermelha
voltada para a formação de socorrista voluntário para situações de emergência,
curso de duração de 2 anos.
Em
1918 houve a pandemia de gripe espanhola, que fez com que todos se preocupassem
com o saneamento. As campanhas de vacinação estavam sendo insuficientes para o
numero de doenças que atingiam uma massa grande. Surge a Liga pró-saneamento
que sugeriu a criação de um ministério de higiene e saúde pública.
Em
1920 foi criado o Departamento Nacional de Saúde Pública, chefiado por Carlos
Chagas (descobridor do agente causador da doença de chagas), que voltava ações
para o controle de doenças transmissíveis como febre amarela, malária e
parasitoses. Carlos Chagas promoveu a formação de enfermeiros para inicialmente
atender os hospitais civis e militares, e depois às atividades de saúde
pública. Adotou o modelo norte-americano de assistência a saúde, onde
enfermeiras visitavam os moradores de um determinado distrito de saúde. Trouxe
enfermeiras norte-americanas, custeadas pelo Instituto Rockefeller, para
analisar a situação brasileira, e a partir daí surgiu a necessidade de criação
de um grupo de enfermeiras do DNSP e de uma Escola de Enfermagem relacionada.
Em
1922 o modelo de Nightingale chega ao Brasil com as enfermeiras
norte-americanas, e tinha alguns requisitos para ser estudante de Enfermagem:
ter certo grau de cultura, ser jovem e sã. Na Escola de Enfermagem da DNSP a
formação era orientada para disciplinas de cunho preventivo na comunidade e as
estudantes eram obrigadas a 8h de trabalho diárias no hospital. Essa proposta
de foi importante, pois desenvolveu um modelo de ensino mais sistematizado e
focado na redução da mortalidade.
Um
ano depois, em 1923, foi fundada a Escola de Enfermagem Anna Nery, no Rio de
Janeiro. Essa Instituição foi organizada por enfermeiras norte-americanas
trazidas com o apoio da Fundação Rockefeller. Esta escola de Enfermagem
tornou-se a padrão, e as enfermeiras formadas nela tornavam-se professoras ou
chefiavam os serviços. Em 1930 houve a Revolução de 30, e Getúlio Vargas assume
a liderança do “Governo Provisório”.
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